INVESTINDO EM EDUCAÇÃO PARA TRANSFORMAR O CAMPO

INVESTINDO EM EDUCAÇÃO PARA TRANSFORMAR O CAMPO

AGRICULTURA 4.0

Nos últimos artigos, apresentei conceitos básicos que servirão como uma bússola para os próximos textos a serem escritos. Mas ao longo dos últimos dias tenho visto que a falta de conhecimento sobre as tecnologias que a área da informática oferece tem impedido que os gestores do agronegócio aproveitem bem os profissionais da área de tecnologia e alcancem boas respostas para as perguntas “por quê?”, “o quê?” e “como?” durante a sua tomada de decisão.

Sendo assim, tomo a liberdade de compartilhar um pouco da minha visão sobre o tema. Ao longo dos 20 anos em que estou envolvido com as áreas da computação e da tecnologia da informação, foi possível perceber que estas áreas escondem ferramentas fantásticas e mentes brilhantes que dominam com excelência o uso de toda tecnologia que possa surgir, mas infelizmente desconhecem a realidade de áreas tão inspiradoras como a agricultura e o agronegócio, onde estas ferramentas fariam toda a diferença.

Da mesma forma, a agricultura e o agronegócio, áreas com as quais estou envolvido há mais de dez anos, escondem mentes excepcionais e práticas que geram excelentes resultados, frutos de muito esforço, muita dedicação e muita disciplina. Mas essas mentes desconhecem todo o potencial que as áreas de tecnologia oferecem.

Estamos vivendo mudanças em todos os segmentos e o mundo que até há pouco tempo era chamado de VUCA, ou traduzido, “Volátil”, “Incerto”, “Complexo” e “Ambiguo”. Agora tem sido chamado de BANI, ou, traduzindo, “Frágil”, “Ansioso”, “Não-linear” e “Incompreensivo”. A criação destes termos é fruto da dificuldade que o próprio ser humano tem enfrentado ao tentar compreender e dominar quantidades de dados, informações e conhecimentos muito maiores do que ele é capaz ou foi treinado para compreender. E a melhor forma para vencer os desafios que estão surgindo é unir esforços e investir em equipes multidisciplinares bem treinadas e bem informadas.

E muito difícil que um profissional domine profundamente os conhecimentos de todas as áreas que envolvem a sua atuação. Mas é esperado que cada integrante de uma equipe multidisciplinar conheça profundamente ao menos a sua área de especialidade. Quando pensamos em equipes de alta performance, precisamos entender que é importante que todos tenham um certo conhecimento das áreas de especialidade de seus colegas de trabalho. Só assim os gestores serão capazes de utilizar os recursos humanos da forma plena e cada integrante de equipe será capaz de contribuir com o trabalho de seu colega.

E possível então afirmar que a próxima grande decisão estratégica do agronegócio será o investimento

“A próxima grande decisão estratégica do agronegócio será o investimento em pessoas, aumentando o valor agregado do maior ativa que uma empresa pode ter, o capital humano”

em pessoas, aumentando o valor agregado do maior ativo que uma empresa pode ter, o capital humano, através de treinamentos, capacitações, cursos de extensão ou mesmo pelo incentivo na formação técnica, de nível superior e pós-graduação. E importante que todos os colaboradores falem a mesma língua e isso só é obtido se todos forem capacitados. Desde o dono da fazenda ou os diretores de uma agroempresa, até os demais colaboradores ligados à
produção agrícola e que sejam aptos e dispostos a este tipo de formação.

Somente levando os profissionais da área da computação a entender mais do agronegócio, como é feito no curso superior em Big Data no Agronegócio, da Fatec Shunji Nishimura, e levando o profissional do agronegócio a entender mais da área da computação, como já é
feito em algumas formações e algumas empresas, será possível que os gestores entendam o que um profissional da área da computação é capaz de entregar como resultados. E também
como as ferramentas desta área poderão ser aplicadas para solucionar problemas vividos na agricultura e no agronegócio.

Sabendo que atualmente o conhecimento na área da computação e de tecnologia tem representado vantagem competitiva a todos os segmentos da economia, e sabendo que
o agronegócio como um todo possui importante relação com outras áreas de conhecimento, é recomendado que todos os profissionais envolvidos com o processo produtivo conheçam no
mínimo as bases de três áreas de conhecimento: Agricultura e Agronomia, Mecanização Agrícola e Agricultura de Precisão e Computação, Big Data e Ciência de Dados.

Finalizo deixando uma mensagem incentivando os tomadores de decisão do agronegócio a se atualizarem ou aprenderem mais sobre as áreas de conhecimento citadas, avaliando ao final deste processo, se a mudança que ocorrer em suas vidas deve ser compartilhada com os demais colaboradores de sua unidade de negócio.

Citando Simon Sinek, após essa experiência, é certo que os profissionais do nível estratégico e tático serão capazes de responderem melhor os seus “por quê?”, “o quê?” e “como?”. Mas citando Albert Einstein: “A mente daqueles que aceitarem o desafio se abrirão a novas ideias e jamais voltarão ao seu tamanho original, transformando suas vidas e trazendo benefícios a
todo agronegócio, do nível operacional ao nível estratégico”.

Fonte: Revista A Granja – Atuante, Atualizada, Agrícola – Janeiro/2022 nº877 Ano 78

Luís Hílario Tobler Garcia

Graduado em Ciência da Computação, mestre e doutor em Engenharia Mecânica, professor e coordenador do curso superior de Tecnologia em Big Data no Agronegócio do FATEC Shunji Nishimura