USO DE DRONES NA PULVERIZAÇÃO

Carlos Otoboni

A agricultura de precisão, juntamente com a tecnologia de informação, faz com que os drones tornem-se cada vez mais importantes devido à capacidade de coletar dados com rapidez e exatidão e encaminhá-los para softwares que analisam e transformam as informações para a  melhor tomada de decisão, tendo, assim, uma otimização do trabalho dos equipamentos.

Inicialmente, os drones surgiram para fins militares, para o reconhecimento do terreno, espionagem e obtenção de imagens. Atualmente, o uso de drones na agricultura tem crescido, já que pode ser utilizado para o conhecimento do terreno, o monitoramento da lavoura, a identificação de pragas e doenças e a aplicação localizada de defensivos, por meio de sensores e imageamento.

Além disso, o equipamento diminui o custo da produção, reduz a compactação do solo pelo trator, além de não utilizar combustível fossil para o funcionamento. A utilização de drones para o monitoramento de boiadas tem reduzido os índices de roubo de gado no Sul de Minas.

Porém a pulverização localizada surge como uma grande inovação no ramo agropecuário brasileiro. Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura, o ramo agrícola será um dos maiores compradores de drones nos próximos anos, devido à redução de custos com equipamentos e mão de obra somada aos ganhos de eficiência na execução das tarefas.

Para o drone realizar sobrevoo na lavoura, faz-se necessário um plano de voo, o qual contenha as coordenadas de início e término do trajeto, bordadura, altura de voo e porcentagem de sobreposição das imagens lateral e frontal. Feito isso, inicia-se um sobrevoo na área; em seguida, coletam-se as imagens e, com elas, geram-se mosaicos, nos quais se faz uma observação analítica, identificando falhas e possíveis danos para a verificação da área e a tomada de decisão.

No Brasil, um dos primeiros usos de drones na agricultura foi em usinas sucroalcooleiras, para monitorar canaviais, detectar pragas e doenças e estimar a quantidade de celulose da cana, e, atualmente, tem-se usado os seus dados topográficos para estabelecer as linhas de plantio. Estima-se que o seu uso torna 75% mais rápido o processo de traçar as linhas de plantio.

“O ramo agrícola será um dos maiores compradores de drones nos próximos anos, devido à redução de custos com equipamentos e mão de obra somada aos ganhos de eficiência na execução das tarefas”

O uso de drones para pulverização localizada tem crescido. No entanto, o drone pulverizador não atua sozinho. Antes de ele entrar em ação, um drone com uma câmera acoplada vai até a área do plantio tirar fotos das plantas e detectar areas doentes. O mapa dessas fotos é passado para o drone pulverizador, que vai até o lugar e aplica o defensivo no local determinado. No caso de herbicidas em cana-de-açúcar, tem sido observada uma economia de mais de 60% do defensivo no processo de pulverização localizada em machas (reboleiras) de plantas daninhas. Com efeito, esse protocolo pode ser estendido para outros problemas fitossanitários que ocorrem de forma localizada nas lavouras, como os nematoides e certas pragas e doenças.

Os bicos utilizados normalmente são de baixa vazão, para usar uma menor quantidade de solução e obter uma maior área de cobertura. O vortex das hélices cria uma indução a ar que facilita a penetração de cotículas na superfície da planta, atingindo menos alvos e mais partes da planta, portanto, tendo maior cobertura de gotas. Como utiliza gotas finas, o ambiente deve estar favorável, para não ocorrer perdas e derivas, sendo interessante uma velocidade relativa do vento entre 3 e 6 quilômetros/hora, umidade relativa do ar acima de 50% e temperatura ambiente abaixo de 25 ºC.

Portanto, a utilização de drones pulverizadores é extremamente vantajosa, pois tem uma operação precisa, e a capacidade operacional dependerá das características do equipamento — notadamente baterias —, do objetivo e do planejamento das intervenções agronômicas a serem realizadas. Ainda pode ser utilizado em áreas que máquinas terrestres não conseguem pulverizar devido à alta declividade ou à presença de árvore ou montanhas, O fato de ser uma aeronave não tripulada oferece maior segurança ao aplicador pela sua ausência no local da aplicação do defensivo, reduzindo os riscos de contaminação. Por fim, agradeço aos estudantes Leandro Anselmo e Jéssica Marques pela ajuda na construção deste texto e pela obtenção das informações técnicas.

Professor da Fatec e Pesquisador do
Laboratório de Monitoramento e Proteção
de Plantas – LMPP

Fonte: Revista A Granja – Atuante, Atualizada, Agrícola – Março/2022 nº879 Ano 78