AGRICULTURA DE PRECISÃO,
AGRICULTURA 4.0 E
AGRICULTURA DIGITAL

AGRICULTURA DE PRECISÃO, AGRICULTURA 4.0 E AGRICULTURA DIGITAL

AGRICULTURA 4.0

Começo esta coluna cumprimentando todos os leitores, aos quais terei o privilégio de escrever. E agradecendo a esta importante revista brasileira de agricultura pelo convite para integrar uma lista tão seleta de colunistas que oferecem informações valiosas sobre o nosso agronegócio baseadas em muita experiência e conhecimento. É uma honra estar entre nomes tão importantes.

Pretendo contribuir com uma visão tecnológica e de inovação sobre assuntos que cruzam a multidisciplinaridade e levar aos leitores informações ligadas a temas como computação, Internet das Coisas (IOT), Big Data, Ciência de Dados e Inteligência Artificial aplicados
ao agronegócio.

Como primeiro tema, gostaria de apresentar uma definição sobre o
termos Agricultura 4.0 e agricultura digital, adotados na agricultura atual, que, por questões práticas, estão em constante mudança, mas que merecem uma abordagem comparativa e científica sobre os fenômenos que impactaram em sua construção.

Como bem colocou o professor Carlos Eduardo de Mendonça Otoboni, na coluna Pilares da Agricultura 4.0, as revoluções que a indústria viveu, chamadas de Indústria 1.0, 2.0, 3.0 e, agora, 4.0, chegaram à agricultura com um certo atraso, oferecendo a possibilidade de aproveitarmos todo o aprendizado gerado por este segmento de mercado.

Usando ainda a coluna Pilares da Agricultura, quero destacar os nove pilares da Indústria 4.0 que foram citados, como robôs, simulação, integração de sistemas, internet industrial, segurança cibernética, computação em nuvem, manufatura aditiva, realidade aumentada e Big Data, os quais estão quase todos presentes naquilo que é conhecido hoje como Agricultura 4.0.

Mas onde entra a agricultura digital e qual a sua relação com a agricultura de precisão? Para responder a essas perguntas, peço licença aos colegas ligados à agricultura de precisão para fazer um paralelo com a Indústria 3.0, a qual inicia nos anos 1970, a partir da adoção da tecnologia de automação, com o uso de sensores, atuadores e unidades de controle no chão de fábrica.

Na década de 1990, surge o termo “agricultura de precisão”, que, segundo Marcos Ferraz, presidente da AsBraAP (Associação Brasileira de Agricultura de Precisão), em seu artigo “A história e a importância da agricultura de precisão no Brasil”, é o início de uma revolução que trouxe uma nova estratégia de gestão, a qual permitiu a adoção de um sistema de gerenciamento agrícola baseado na

“Pretendo contribuir com ama visão tecnológica e de inovação sobre assuntos que cruzam a multidisciplinaridade e levar aos leitores informações ligadas a temas como computação, IoT, Big Data, Ciência de Dados e Inteligência artificial aplicados ao agronegócio ”

variabilidade espacial e temporal da unidade produtiva por meio da adoção de tecnologias aplicadas à agricultura.

Olhando para a evolução da indústria, faço um paralelo entre a agricultura de precisão e a Indústria 3.0, uma vez que o uso racional de insumos por meio da aplicação da quantidade certa, no local e tempo adequados, é viabilizado pelos sensores e atuadores, que, ligados a unidades de controle, executam ações planejadas em programas de computador e fazem os implementos agrícolas operarem com maior “precisão”, algo muito parecido com o que ocorre ainda hoje na indústria.

Chegamos. então, à Indústria 4.0, na qual o foco é a hiper conectividade, a adoção de dispositivos de internet das coisas, o uso de sistemas robóticos e cibernéticos, a computação em nuvem e a inteligência artificial, entre outras tecnologias, usadas para melhorar a produtividade dentro das indústrias.

Se olharmos um pouco mais de perto, notamos que toda esta mudança ocorre quando o enorme volume de dados gerado pela adoção da automação é percebido como uma rica matéria-prima que contribui de forma significativa na tomada de decisão. maximizando os lucros e minimizando as perdas, melhorando a eficiência e a produtividade dos processos industriais.

Na agricultura atual, vivemos um momento semelhante. Os dados gerados pelos implementos agrícolas são reconhecidos pelo efetivo valor, são transformados informações estratégicas por meio do uso das mesmas tecnologias, criam o que chamamos de Agricultura 4.0.

Termino minha coluna afirmando que não considero concorrentes essas duas áreas conhecidas como “agricultura de precisão” e “agricultura digital” mas vejo ambas como ferramentas que se completam dentro do que conhecemos como Agricultura 4.0, e, se essas áreas trabalharem em harmonia, os resultados com certeza serão melhores.

Fonte: Revista A Granja – Atuante. Atualizada. Agrícola. – Julho/2021 nº871 Ano 77

Luís Hilário Tobler Garcia

Graduado em Ciência da Computação, mestre e doutor em Engenharia Mecânica, professor e coordenador do curso superior de Tecnologia em Big Data no Agronegócio do FATEC Shunji Nishimura