Pioneiro no Brasil e no mundo, o Vale do Genoma será um ecossistema de inovação com abordagem na pesquisa genômica e em inteligência artificial aplicada à saúde, com ênfase também em agricultura e agropecuária. A iniciativa é articulada pelo Governo do Estado.
O Paraná deu um novo passo para a implantação do Vale do Genoma, um polo de startups voltado para a pesquisa genética que será instalado em Guarapuava, no Centro do Estado. Nesta quinta-feira (18), o superintendente estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), Aldo Nelson Bona, assinou um Memorando de Entendimento (MOU), firmado entre o setor público e a iniciativa privada, com participação da comunidade científica, estabelecendo as diretrizes para criação do Conselho Curador do Vale do Genoma.
Pioneiro no Brasil e no mundo, o Vale do Genoma será um ecossistema de inovação com abordagem na pesquisa genômica e em inteligência artificial aplicada à saúde, com ênfase também em agricultura e agropecuária. A iniciativa é articulada pelo Governo do Estado, por meio da Seti, com a participação da academia e da iniciativa privada. A ideia é desenvolver um modelo de coopetição, um conceito organizacional que alia a cooperação à competição e que favorece o crescimento de segmentos empresariais e profissionais.
“A inovação acontece na medida em que o governo consegue articular a academia e a iniciativa privada para transformar ideias em projetos de grande impacto”, afirmou Aldo Bona. “Com o Vale do Genoma, Guarapuava será um polo na área da genômica, voltado não apenas para a saúde humana, como também para a questão da pecuária e da agricultura, buscando o melhoramento genético de plantel, tudo aquilo que a pesquisa genética permite fazer”, salientou.
Além disso, a estruturação desse ecossistema de inovação vai impactar na geração de negócios entre startups e outras empresas, a partir do desenvolvimento de soluções inovadoras e tecnológicas, considerando o conhecimento científico e a participação de pesquisadores e da comunidade acadêmica. “O governo entra neste projeto como articulador, a academia com a pesquisa científica e a iniciativa privada com os investimentos necessários para implantação do Vale do Genoma”, explica Bona.
ESTRUTURA – O Vale do Genoma fará parte da estrutura da Cidade dos Lagos, bairro planejado inteligente de Guarapuava, que já conta com câmpus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), além do Hospital Regional de Guarapuava, o Cancer Center e o Instituto para Pesquisa do Câncer de Guarapuava (Ipec).
“Neste momento dramático que vivemos com a pandemia, percebemos que somente através da ciência, com pesquisas e vacinas, poderemos avançar, precisamos cada vez mais investir em pesquisas”, afirmou o prefeito de Guarapuava, Celso Góes. “Este projeto traz uma esperança para a cidade, tanto na geração de emprego, como na busca pela cura de diversas doenças. É um momento histórico para Guarapuava”, disse.
A partir da assinatura do Memorando de Entendimento, o Conselho Curador deve ser constituído em até 90 dias e, a partir dele, será elaborada toda a regulação do Vale do Genoma, além da constituição de um fundo de investimentos para apoiar o desenvolvimento de startups. Duas empresas já irão aportar o capital inicial para esse fundo, os grupos Repinho e Jacto.
Também vai estabelecer outras estruturas para a operacionalização do Vale do Genoma, a exemplo de um conselho consultivo e de alguns comitês, para os quais serão indicados pesquisadores de renome em Genômica e Inteligência Artificial na Saúde, Agricultura e Agropecuária.
O documento, que já contava com a assinatura do governador Carlos Massa Ratinho Junior, também foi firmado pelos titulares da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldo Bona; da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Ramiro Wahrhaftig; e por representantes do Centro de Inovação no Agronegócio (Ciag), da Fundação Shunji Nishimura de Tecnologia (FSNT), da Associação Cilla Tech Park, além do Ipec.
POLO DE STARTUPS – No contexto científico estadual, o Vale do Genoma representa uma unidade central de prestação de serviços de sequenciamento genético e de procedimentos correlatos para pesquisadores de todas as instituições de ensino superior e institutos de pesquisa científica. O ecossistema foi pensado para atender demandas de sequenciamento de vários projetos, inclusive no âmbito da agricultura e agropecuária, por meio de metodologias de alto desempenho.
Um dos signatários do memorando, o médico David Livingstone, presidente do Ipec, salientou que os estudos serão aplicados com foco no desenvolvimento de produtos e serviços viáveis para o mercado. Doutor em Ciências Médicas e coordenador do Curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), ele também coordena a Rede de Estudos Genômicos do Paraná, que neste mês passou a integrar a rede nacional que pesquisa o sequenciamento genético do SARS-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19.
Livinsgstone explicou que a estrutura laboratorial vai dispor de equipamentos de última geração para o armazenamento e processamento de dados. “A pandemia ajudou a acelerar o processo para implantação do Vale do Genoma, que será um ecossistema diferenciado porque vai concentrar todos os níveis de conhecimento, desde a pesquisa básica até aquelas desenvolvidas por empresas, no modelo do Vale do Silício, nos Estados Unidos”, explicou.
Para impulsionar startups no segmento, será constituída uma venture builder, um tipo de organização focada em desenvolver novas empresas de forma sistemática, a partir do compartilhamento de recursos humanos e logísticos, como infraestrutura física e setores jurídico, contábil, mercadológico, entre outros.
“O que estamos construindo aqui é algo único. Vamos fazer pesquisa com interesse de aplicação, com a implantação de três institutos para trabalhar com genoma e inteligência artificial, além de buscar grandes empresas para investir”, disse. “Além da venture builder, que vai capitalizar, acelerar e escalonar empresas e startups, de acordo com os estudos e soluções propostas pelos pesquisadores”, acrescentou Livingstone.